[Resenha] As Crônicas de Nárnia - O sobrinho do mago

13:00

Com uma narrativa repleta de metáforas, “O Sobrinho do Mago” desmistifica a história da criação de Nárnia e revela a origem do guarda-roupa

Para quem conferiu apenas os longas baseados na série de fantasia infantil escrita por C. S. Lewis, um dos maiores mistérios que envolvem o universo de As Crônicas de Nárnia é justamente como surgiu Nárnia. Mas também, quem nunca se perguntou por que o guarda-roupa é um portal para o estonteante e exótico mundo de Aslam?

Em 1950, quando C. S. Lewis publicou o primeiro dos sete romances que compõem a série, “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa”, essas mesmas perguntas foram exploradas por leitores e pela crítica. Sem a intenção de dar continuidade a história, o autor foi encorajado pelo próprio J. R. R. Tolkien, de quem era amigo íntimo, a contar mais sobre o mundo mágico que criara.

Foi a partir daí que C. S. Lewis iniciou um longo processo de escrita das demais obra, que duraria 4 anos e retratariam os acontecimentos posteriores ao livro inicial, assim como as tramas anteriores, sanando dúvidas e amarrando as pontas soltas deixadas pelo primeiro livro.

Ironicamente, apesar de ter sido o penúltimo a ser publicado, “O Sobrinho do Mago”, primeira obra da saga na ordem cronológica da narrativa, foi o último livro da série a ser concluído por Lewis.

O enredo conta as aventuras de Digory Kirke e Polly Plummer, duas crianças londrinas, descobrindo novos mundos através de anéis mágicos criados pelo tio de Digory, André Ketterley. Após invadirem acidentalmente o escritório de Tio André, as crianças são obrigadas pelo próprio inventor a utilizarem os anéis e descobrirem como viajar para outras dimensões.

Em meio as expedições entre os mundos, os pequenos conhecem o universo natal de Jadis, a feiticeira branca, e sua história antes de dominar o país de Aslam. Presenciam o nascimento de Nárnia, além de serem os responsáveis pelos futuros problemas na terra mágica e pelas futuras viagens até o local.


A linguagem da obra é acessível e envolve as crianças em um universo fantástico. Como um recurso narrativo, por diversas vezes Lewis conversa diretamente com o leitor. Ele assume o papel de narrador. Essa técnica permite que a leitura resgate memórias emocionais da infância, quando os pais ou os avós liam ou contavam alguma história antes de colocar os pequenos para dormir.

O autor também tem preocupação de detalhar as emoções que as personagens sentem conforme as situações vividas, criando uma empatia e identificação com quem o lê. As narrações gráficas estimulam o imaginário e aguçam a percepção do leitor para um mundo de extrema beleza e magia construído através de delicadas notas musicais.

Apesar de duras críticas vindas de grupos cristãos, “O Sobrinho do Mago” é uma verdadeira ode ao primeiro livro da Bíblia, Gênesis. Cristão confesso, Lewis utilizou paralelos, metáforas e referências diretas às escrituras sagradas do cristianismo na composição do enredo. É impossível ler a obra e não comparar com a narrativa bíblica por meio dos detalhes e das cenas alusivas.

Entre as discussões envolvendo a série, assim como em Star Wars, uma das que mais ganham destaque em meio aos fãs da saga é a ordem que as obras devem ser lidas. Alguns dizem que deve ser de acordo com a cronologia do enredo, outros que deve seguir a ordem de publicação das crônicas. A verdade é que uma coisa é certa, um dos argumentos dos defensores da leitura por ordem de publicação é que “O Sobrinho do Mago” retrata Nárnia como se fosse uma terra conhecida. E sim! O narrador parte do pressuposto que o leitor já tenha tido contato com Nárnia e que ele conheça as aventuras retratadas em outras obras.

Alimentada pela curiosidade de desvendar os segredos do país de Aslam, a obra “O Sobrinho do Mago” é eficaz no papel de desnudar os mistérios e esclarecer pontos obscuros no livro de estreia da saga, “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa”. Mais do que uma resposta às perguntas não respondidas, a obra também legitima a aura fantástica que envolve as aventuras relatadas nos demais livros e é parte fundamental, senão o destino inicial, de uma viagem de imersão à um reino inigualável e extraordinário.



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14 comentários

  1. Oii, confesso que nunca li esse livro, eu sempre me perguntei pelo armário kkk O livro me parece ser muito bom e assuntos de mundo fantástico sempre prendem o leitor em outro universo enquanto le, não é?
    beijoss

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  2. Essa saga é M A R A V I L H O S A, sério, ainda não li, esse mas pretendo ler logo após It, o universo de Nárnia é incrível e sua resenha ficou incrível ❤

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  3. Nunca li nenhum livro das crônicas de Nárnia, por coincidência eu estava assistindo o filme esses dias, quando passou na globo a tarde.
    Tenho certeza que o filme não deve ser nada em comparação aos livros, leitor sabe bem dessas coisas.

    Muito boa sua resenha, parabéns!
    Sucesso com o blog, beijos!
    wwww.deixameser.com.br

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  4. Que máximo! Nunca li o livro mas eu me interessei bastante. Eu acredito que o livro tem muito mais conteúdo que o filme. Vou procurar saber mais sobre esse livro.

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  5. Eu amo os livros da Saga, e esse é maravilhoso, amo as histórias e tudo mais! Amei ver seu post, já vi que me identifiquei com o Blog <3

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  6. Acredita que não sou fã? Eu acho que foge muito da realidade, sim, sei que é ficcticio mas..

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  7. Ainda não li, mas gostei bastante da resenha, cheguei até a ficar um pouquinho curiosa. Parabéns pelo blog.

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  8. Eu ainda não li os livros, mas sou fã dos filmes então com certeza eu gostarei muito dos livros já que na maioria das vezes os livros são melhores que os filmes. O motivo de eu não ter lido ainda é que tô na fase de não querer mais ler nada em pdf, então estou vendo quando vou poder comprar os livros. Obrigada pelo post deu mais vontade de ler.

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  9. uauuu, fiquei muito curiosa e interessada para ler esse livro! deve ser otimo! Já coloquei na lista de livros para ler esse ano! amei seu blog! beijos *-*
    https://bloganaaoliveiraa.blogspot.com.br/

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  10. Eu tenho o livro e simplesmente amo a história em si.
    Sua resenha ficou ótima e rics em detalhes.
    Colocou observações que eu não sabia.
    Adorei e te desejo sucesso.
    Beijinhos.

    www.segredosdajuhcosta.com

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  11. Eu tenho a versão completa de "As Crônicas de Nárnia", sabe aquela versão grandona? Sempre digo que vou ler, mas nunca consigo terminar hahah
    Só li "O Sobrinho do Mago", que é o primeiro na versão que tenho e fiquei com mais perguntas do que respostas - provavelmente porque ainda não li os demais livros.
    Também já faz um bom tempo que li, então já não me recordo com detalhes - tanto que não me recordo das referências do cristianismo, preciso reler.

    Ótima resenha <3

    Beijos,
    Luisa
    Degradê Invisível

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  12. Barbara, eu tenho uma edição aqui, dos primeiros volumes, mas nunca li.
    Vi os filmes, não todos, e sempre penso: vou ler o livro, mas faz anos que fico na promessa.
    Quando comprei o livro vi muitas matérias falando do universo de Nárnia, das teorias, e das obras posteriores.
    E sempre que vejo algo relacionado aos possíveis novos filmes reintero a "meta" de ler o livro que tenho...
    Será que esse ano vai? rsrsr
    beijossss
    Blog Elaine Gaspareto

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  13. Nossa eu adoro os filmes da serie e realmente sempre me perguntei de onde e por que um guarda roupa, fiquei super afim de ler os livros parecem ótimos sem duvidas vou anotar para futuramente ler.
    Beijos
    https://doce-temperoo.blogspot.com.br/

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